sábado, 17 de setembro de 2011

A Sogra e a Nora Ideal



A Sogra e a Nora Ideal



Era uma vez um rapaz, primogênito de uma família de vários irmãos, que gostava muito de berinjelas. A sua mãe preparava-as de diversas formas, e a verdade é que se ia superando progressivamente na elaboração dessa aprazível iguaria.

Todos os dias, ao voltar do trabalho, o rapaz chegava a casa e encontrava o seu prato predileto. E não se sabe quem se deliciava mais, se o jovem vegetariano, se aquela mãe que, diante da boa acolhida dispensada ao legume e com uma espécie de secreto orgulho, havia feito da arte de preparar berinjelas um modo de demonstrar o seu carinho e uma autêntica meta profissional.

Em pleno auge de entusiasmo pelas berinjelas, o rapaz casou-se. Um belo dia, convidou a mãe para jantar. A nora serviu como primeiro prato - é claro! - berinjelas. A sogra provou-as: estavam simplesmente ma-ra-vi-lho-sas. E sentiu então uma grande tristeza, mais ou menos como a que a gente sente quando perde o emprego...

Naquele momento, a pobre mulher pensou que acabava de recuar muitos pontos no ranking materno. Mas, como era uma sogra diplomática, soube disfarçar o seu desgosto e elogiar abundantemente as habilidades da nora, sem mostrar o menor ressaibo de despeito. Pouco depois, quando se encontravam na sala, a jovem sentiu-se encorajada a abrir-se com essa senhora tão amável e compreensiva, que tinha gostado tanto das suas berinjelas (quanto não tinha ela suado ao prepará-las, sabendo que seria uma espécie de teste "tudo-ou-nada" das suas qualidades culinárias!). Em breve, encontravam-se as duas enfrascadas numa conversa sobre os temores e angústias que uma jovem esposa tem de enfrentar. E a nossa sogra, feliz, ia derramando o seu coração em conselhos e explicações que iam desde os lugares onde se encontravam as melhores pechinchas até o modo de organizar o horário para compaginar um trabalho externo com o cuidado do lar...

Foi assim que essa sogra descobriu que não tinha perdido, mas conquistado posições. A partir desse momento, devia passar a oferecer a esses filhos outro tipo de alimento, muito melhor do que as berinjelas, e não já passado em ovo e farinha, mas em carinho. Percebeu que, se por força das circunstâncias, não podemos mais continuar a exercer certas atividades, há sempre outras em que podemos continuar a servir.

Nada, nem as nossas limitações, nem as dos outros, nada de nada pode impedir-nos de descobrir sempre novas formas de serviço. Há tanto trabalho a fazer, há tantas ajudas de que os outros estão necessitados, que não vale a pena perdermos o tempo lamentando a falta de um ou outro desses pequenos meios de comprazer os nossos familiares a que já nos havíamos acostumado. Uma pequena renúncia pode abrir-nos imensos horizontes aos nossos desejos de bem-fazer, tão ou mais eficazes do que aquilo que já vínhamos praticando.

Uma mãe dá sempre o melhor ao seu filho, e não porque o dizem as campanhas publicitárias em torno do "dia das mães", mas porque é isso o que Deus espera que ela dê aos seus filhos, noras e genros. E esse "melhor" não se resume nem de longe ao cardápio das refeições. Consiste nada mais nada menos do que na dádiva do próprio coração.

A amizade, o carinho pessoal, deve ser a base do nosso relacionamento com as noras e genros. Não há nada tão nefasto como "massificar" as pessoas, tentando, por exemplo, enxertar uma nora recém-chegada como se fosse apenas "mais uma" no bloco ou clã familiar. Por muito simpáticos que sejam os membros de uma família, por muito agradável que seja ao genro ou à nora sentirem-se parte dessa comunidade inicialmente estranha que é a família da mulher ou do marido, o que eles precisam urgentemente, como primeira coisa, é serem considerados suficientemente importantes para merecerem uma atenção individual, um tratamento direto e, ao mesmo tempo, cheio de delicadeza.

É preciso, portanto, personalizar o nosso relacionamento com todos os componentes da nova família. Explico-me. Ele ou ela devem importar-nos independentemente de serem "o marido da Aninha" ou a "esposa do Carlinhos". Devemos chegar a estimá-los não pelo que representam para nós, mas pelo que realmente são. Devemos chegar a ter uma amizade pessoal, íntima e profunda, com os cônjuges dos nossos filhos. Porque, quando há essa amizade, feita de aceitação e apreço, sempre existem coisas para contar, alegrias para compartilhar, interesses comuns, desejos de aprender uns com os outros e de melhorar o próprio comportamento, discrição e tato, sal e luz...

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